Quando uma relação termina
muitos de nós procuram de imediato algo para a substituir. Na maioria dos casos
“surge” outra pessoa, outras vezes as noitadas intermináveis nas redes sociais,
o chocolate comido compulsivamente, os ataques ao frigorífico, o vaguear noite
fora com amigos ou sem eles.
Este tipo de comportamento
surge porque o vazio causado pela falta do outro é muito difícil de integrar. Quando
de repente não temos ninguém que nos ouça, que faça barulho em casa ou que
espere por nós, surge uma necessidade de recompensa imediata. Precisamos de
tapar o “buraco do vazio”.
De facto, aprendemos a ser
“em relação com”. O outro é o garante da nossa existência. Quando perdemos o
outro instala-se uma angústia dilacerante. Ficamos do lado da insegurança, da
incerteza e do medo de não voltarmos a amar ou de que mais ninguém nos ame. Não
há modelo para a solidão.
À semelhança de outros tipos
angústia, a angústia provocada pelo vazio é umbilical: é uma angústia de
separação, de cisão com o conhecido, de saída do útero, de perda daquilo que
conhecemos, de ida para um local onde precisamos aprender a viver com outras
normas, outras pessoas e outros espaços. E se não conseguirmos? E se
fraquejarmos?
Nos relacionamentos amorosos,
perante a ausência do outro o mais simples é a fuga através da “Lei da
Substituição”: tentarmos a todo o custo tapar o vazio que sentimos adoptando
estratégias que nos impeçam de contactar com a realidade.
A angústia da separação ocorre,
inclusive, em relacionamentos onde há muito já não existia amor, harmonia ou
sentimentos de carinho entre os pares. Esta aparente ambiguidade resulta, mais
uma vez, do facto de precisarmos do outro para nos completar, para nos
sentirmos totais, para nos sentirmos pessoas.
Sempre que saltitamos de
relação em relação, sem nos permitirmos sentir o vazio, a dor emocional e a
angústia da separação, continuaremos angustiados, incompletos e em busca do
nosso Eu.
Dar tempo ao Vazio, para que
se transforme em algo positivo, em crescimento emocional, é difícil. Mas é, sem
dúvida, uma grande oportunidade que a vida nos dá para sermos felizes.
Teresa Marta
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