2015 | Teresa sem medo

Celebrar ou não celebrar o Aniversário?

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O que diz sobre as nossas emoções e sobre a nossa saúde?  

Celebrar o aniversário pode parecer divertido, desejado e importante, mas esta ocasião não é vista da mesma forma por todas nós. E nem falamos da logística que uma comemoração pressupõe.

A questão existencial, mais profunda, é que comemorar o aniversário leva-nos a reflectir sobre a nossa vida e a questionar as nossas prioridades. É uma época de balanço. Este facto também caracteriza outras datas, como o Ano Novo e o Natal. No entanto, embora também sejam celebrações, estas datas não são percepcionadas como algo pessoal. São datas que não dizem respeito apenas a nós, individualmente, mas a todos.

Há alguma relação entre celebrar a vida e a saúde? 

Não podemos afirmar que quem não comemora o aniversário possui menos saúde do que quem o faz.
O que sabemos é que a comemoração do aniversário, ou de qualquer outro marco importante na nossa vida, contribui para a construção equilibrada da noção do Eu. Contribui para sedimentar a consciência de quem somos e sobre a fase do percurso em que nos encontramos. Existencialmente, quando recusamos olhar para o caminho já feito (tomar consciência do tempo que passou) privamos a construção saudável do nosso futuro.

Pode ser mais confortável “não ligarmos” à data que marca a comemoração do nosso nascimento, mas tal não significa que estejamos a ter a atitude mais equilibrada para a nossa vida. Recordando o que nos diz E. Minkowsky, um dos expoentes da corrente psicoterapêutica existencial, quando evitamos olhar para a nossa escala temporal adoecemos. Entramos em angústia existencial, em ansiedade e deixamos de nos projectar no futuro de forma positiva e saudável. Ficamos saudosistas. Achamos que os anos da nossa juventude é que foram felizes. Ou usamos qualquer outra desculpa, desde que consigamos interromper a linha do tempo que teima em passar.

Assim sendo, celebrar o aniversário faz bem ao nosso equilíbrio emocional e psíquico. Logo, tem uma relação directa com o nosso bem-estar emocional e, consequentemente, com a nossa saúde. Quem não se sente bem consigo não está num estado de saúde pleno.


Por que é que há pessoas que adoram festejar o seu aniversário e outras que se recusam a assinalar este dia?

Em termos existenciais há quem não consiga ver alegria em celebrar seja o que for e não encontre factos da vida possíveis de celebração. Sobretudo, o aniversário!

Nestes casos poderemos estar a falar de pessoas que estão em contexto de apatia perante a vida, de angústia existencial e, nas situações mais graves, em estado depressivo. Estas pessoas não conseguem olhar para o que a vida tem de bom, por pouco que esse bom possa parecer em determinados momentos. Martin Heidegger refere que o Eu recusa a finitude. Ou seja, não celebrar o aniversário é uma das estratégias que usamos para esconder de nós mesmos que não temos todo o tempo do mundo.

O curioso é que a própria palavra Aniversário liga o tempo à existência, e, como bem sabemos, a nossa humanidade tem dificuldade em aceitar as limitações que o tempo nos coloca. No ponto inverso da escala, temos as pessoas que adoram festejar o aniversário. Estas, teoricamente, estão em equilíbrio com a vida: possuem uma boa auto-estima, um auto-conceito positivo, saúde, amigos e uma estrutura familiar saudável.


Que factores podem estar na origem da recusa em celebrar o aniversário? 

Gostaria de referir que as pessoas que recusam comemorar o aniversário podem estar a sofrer do ponto de vista emocional. Poderão ser pessoas que sofrem da ferida de abandono ou que têm medo de não serem aceites, nem amadas. Estas pessoas adoptam comportamentos de minimização da data, usando frases de tipo: “Ora! É apenas mais um ano! O que é que isso tem de mais? Estou a ficar mais velha! Apenas isso!”. No entanto, por trás deste diálogo está alguém que necessita que se preocupem com ela, que olhem para ela e que lhe dediquem atenção. Algo que a pessoa, no fundo, deseja muito, mas não consegue demonstrar.

Não celebrar, e fazer disso bandeira, dá a estas pessoas a ilusão que são elas que estão a dominar a situação. Que conseguem controlar as suas emoções. Que não ficam à mercê do poder do outro. Colocando-se “fora de cena” evitam ser ignoradas ou não lembradas.


Não celebrar o Aniversário pode ter contornos psicopatológicos? 

Existem estudos sobre Psicologia do Aniversário que apontam no sentido da existência de cenários psicopatológicos por parte de algumas pessoas. Há inclusive Psicólogos, entre os quais se destaca Christian Heslon, cuja investigação confirma uma relação directa entre a data do aniversário e o surgimento de comportamentos patológicos no indivíduo, como a tristeza, o isolamento, a angústia, a sensação de incapacidade para continuar a aguentar a vida, e, nos casos mais severos, o suicídio (tentado ou efectivo).

Alerto que, por princípio, não devemos falar em casos de depressão, até porque para o diagnóstico diferencial de depressão o tempo tem de ser considerado. Ou seja, ficar deprimida alguns dias representará, não tanto um quadro depressivo mas aquilo a que se chama episódio depressivo. Este tipo de fenómeno, conhecido como «blue birthday» tem de ser sempre entendido em contexto não sendo comum em pessoas saudáveis sem queixas psicopatológicas anteriores.


Sentir-se confortável por não celebrar o aniversário

Há pessoas que se sentem efectivamente confortáveis por não celebrarem o seu aniversário. No entanto, tal não significa que esta atitude seja aquela que mais felicidade traz para as suas vidas.

São pessoas que aprenderam a isolar-se nesse dia por alguma razão. Por vezes, nem estão conscientes do que provocou isso. Isolar-se tornou-se algo natural para elas chegando mesmo a planear jantar sozinhas ou ir dormir fora para um hotel. É também comum desligarem o telefone, não responderem a e-mails ou mensagens de parabéns nas redes sociais.

Estas pessoas contestam todos os argumentos que lhe apresentem em contrário e quando têm família constituída preferem um jantar simples e restrito onde não existam manifestações que indiciem celebração, como cantar os Parabéns ou brindar.


Qual a importância de festejar o aniversário? Devemos festejar?

Sim. Devemos celebrar o aniversário pois tal atitude simboliza a celebração da nossa própria vida.
Mesmo que por vezes as situações difíceis nos pareçam insuportáveis o facto de termos iniciarmos mais um ano deve honrar a nossa resiliência! A nossa capacidade infinita de dar a volta por cima, mesmo quando só nos apetece desistir.

 Ter consciência da finitude deverá pois ser um incentivo para recomeçarmos as vezes que sejam necessárias para cumprirmos o nosso propósito. Para vivermos de acordo com o que sentimos e para sermos autênticos connosco.

Em termos sociais, será bom aproveitarmos o nosso aniversário para definitivamente iniciarmos um estilo de vida mais de acordo com o que queremos de verdade e não uma vida construída a partir do que as outras pessoas querem ou acham ser o melhor para nós.

Seja a nossa vida longa ou não, o facto é que ninguém tem todo o tempo do mundo. E, tendo a certeza disso, como vamos escolher viver? Não podemos também esquecer que o aniversário é um dos pilares culturais da sociedade. Alejandro Klein, Professor e Investigador do Instituto de Psicologia da Universidade de S. Paulo, a data do aniversário é importante para o estabelecimento da nossa biografia pessoal e para nos situarmos numa cronologia de vida, sem a qual perderíamos a referência de quem somos. No entanto, este especialista explica que é importante que cada pessoa adopte a forma como mais gosta de viver o aniversário, pois “a sociedade pressiona-nos para que todos façamos as coisas de um modo semelhante!”.


Qual é a importância e o significado da festa de aniversário para as crianças, adolescentes, adultos e os para os mais velhos? São diferentes?

A diferença é enorme pois cada idade apresenta uma relação própria do Eu com o Tempo. A celebração da idade que temos é o nosso grande confronto com a finitude. Com a escala de tempo da vida. Inicialmente, nem percepcionamos a escala temporal. Mas à medida que vamos acumulando anos à nossa vida, vamos tomando consciência da noção de fim. É como se nos dissessem: “Atenção! É tempo de pensares na tua vida e como a queres viver a partir de agora.” Este confronto do Ser com o Tempo é ancestral. Martin Heidegger alerta exactamente para isso: o ser realiza-se no Tempo (mais que no espaço). Pois o Ser pode mudar e condicionar o espaço, mas jamais consegue interferir no Tempo. O Tempo continuará a passar. Por muito que o tentemos iludir ou esconder.

Assim sendo, as crianças ainda não conscientes do tempo que se esgota, ficam impacientes com o dia de aniversário (que nunca mais chega) e sobretudo com a festa de anos. Esta comemoração serve ainda para se sentirem reconhecidas pela família e amigos. Os presentes são indispensáveis e não é por acaso que as crianças não gostam de receber roupa e preferem brinquedos!

Na adolescência, a celebração do aniversário perde o contexto familiar e é uma ocasião de afirmação perante o grupo. Afirma a noção de pertença e a constituição de “escalas de poder” perante os outros.

Já na idade adulta, começamos a dar importância aos grandes marcos! E estes medem-se em décadas. O primeiro grande marco são os 30 anos. Depois os 40 e finalmente os 50.

Para as mulheres sem filhos e sem uma vida emocional estável a década dos 30 anos é a mais complexa e a passagem da década dos 40 para a dos 50 é vivida, nalguns casos, de forma muito angustiada. É a fase do confronto não com a finitude, enquanto tal, mas com o fim da época áurea dos anos de juventude. É a fase dos balanços.

Na idade da aposentação comemoramos o aniversário com alegria se nos sentirmos felizes e tivermos objectivos de vida, um propósito que nos continue a oferecer uma razão para continuar. Caso contrário, a fase da reforma transforma-se no início do envelhecimento “real”.


Os homens e as mulheres vivem o aniversário da mesma forma?

Mais uma vez não podemos generalizar e tudo deve ser visto em função da idade que fazemos.
A data do aniversário costuma ser mais sentida pelas mulheres. Faz-nos pensar (de modo não muito positivo), na idade que temos. Temos pensamentos recorrentes sobre o facto de estarmos a envelhecer e questionamos o que temos feito e o que devíamos começar a fazer por nós.

Valéria Meirelles, psicóloga, co-autora do livro Mulher do Século XXI, defende que existe uma maior punição social para as mulheres no que respeita ao processo de envelhecimento, sendo comum não gostarem da data. Por volta dos 50 anos, inclusive, as mulheres passam muitas vezes por uma fase complicada associada ao seu auto-conceito e à perda de auto-estima relacionada com a menopausa, que leva as mulheres a sentirem que estão a perder a sua capacidade de sedução. No processo de envelhecimento, os homens não sentem os 50 anos.

Segundo o Investigador e Psicólogo Christian Heslon, os homens apreciam os seus aniversários e aproveitam a data para se mostrarem e valorizarem. O especialista refere que as mulheres são mais discretas neste âmbito mas lidam mal quando o companheiro se esquece da sua data de aniversário. Muitas vezes gostam mais de festejar o aniversário dos seus filhos do que o seu. Mais tarde os papéis invertem-se: aos 70 e 80 anos, as mulheres aceitam o envelhecimento muito melhor que os homens.

Esta é uma das razões de origem psicológicas apontadas pelos especialistas para a maior longevidade das mulheres.


Qual a importância das velas, do bolo e dos presentes ou seja dos rituais associados a este dia?

Embora a maioria de nós não saiba, cada ritual da comemoração do aniversário tem uma raiz mítica, espiritual ou histórica. Não resisto a falar de algumas crenças associadas à exteriorização da festa. Assim, é comum encontrarem-se referências às velas como símbolo do tempo que passa, a chama da vida e, no final, o apagar.

O bolo provém de um antigo culto a Artemisa, Deusa da Lua e da Fecundação, evocada pela forma redonda do bolo. O facto do bolo ser partilhado entre amigos simboliza uma união ancestral para afastar a morte.

O presente simboliza o primeiro objecto de amor perdido entre a mãe e o bebé quando é cortado o cordão umbilical.

Todos estes rituais são importantes porque conferem ao aniversário uma dimensão simbólica, que veio substituir os rituais de passagem antigos. Mas, quer se valorize ou não a mitologia, os rituais associados à celebração do aniversário devem ser encarados como uma celebração da própria vida.


Quais são os principais efeitos psicológicos do envelhecimento? 

Ninguém gosta de envelhecer. Envelhecer pode significar um golpe emocional difícil de ultrapassar gerando efeitos psicológicos como a angústia, a ansiedade, a tristeza e até depressão.

Estes efeitos psicológicos surgem com a perda da nossa autonomia, do nosso auto-controlo, das nossas capacidades mentais e biológicas, da nossa auto-estima e da nossa capacidade para nos sentirmos úteis, capazes e desejadas.  


O que podemos fazer para melhor gerir a passagem dos anos? 

  • Desde sempre, cuidar de nós com carinho, o que significa fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para ter uma boa auto-estima. 
  • Cuidar dos nossos afectos reunindo à nossa volta amigos e família com quem possamos partilhar as nossas ansiedades e as nossas alegrias. 
  • Não parar de fazer planos e a ter objectivos. 
  • Recordar as nossas experiências positivas e os nossos êxitos. 
  • Manter a paixão pela vida e pelos outros. 
  • Focar-se na gratidão pelo que tem e conseguiu e desfocar-se da carência. 
  • Manter-se em actividade. Fazer exercício físico sem esquecer o treino cerebral. Nunca deixe de aprender, de estudar, de conhecer novas realidades.
  • Cuidar da sua saúde. A saúde faz-nos sentir mais jovens. 
  • Não pensar no envelhecimento como o fim da vida. 
  • Não deixar de fazer o que gosta por ser complicado ou impróprio para a idade. Ou seja, não se isolar. 

Costumamos dar especial importância à celebração das décadas os 10, os 20, os 30, os 40, os 50... Porque damos tanta importância a estes aniversários? Devem ser comemorados de forma especial? Porquê?

O nosso cérebro detesta o caos e previne-se organizando a nossa vida em unidades de tempo bem determinadas. A divisão temporal em décadas é uma forma de estabelecer ordem cronológica e criar uma escala onde vamos arrumando os acontecimentos da nossa vida.

A par desta necessidade de organização interna, a divisão em décadas representa também a própria organização da sociedade estabelecendo aquilo que se convenciona ser apropriado e desapropriado a cada idade. Assim, cada década tem associada determinados pressupostos culturais, sociais e familiares, que devemos cumprir para nos sentirmos integradas e aceites.

Cumprir mais uma década e partir para uma nova é, desta forma, assumido como a passagem para uma nova fase onde é pressuposto que realizemos o que socialmente se convencionou caracterizar esse novo período. Como tal, é comum assinalarmos a entrada numa nova década da nossa vida de forma especial e mais efusiva.

O aniversário recorda-nos o conceito de renascer e festejá-lo é celebrar um novo começo. Um recomeço que se torna mais marcante quando iniciamos uma nova década de vida. Como tal, embora não sendo uma obrigatoriedade, cada nova década que iniciamos merece ser comemorada de forma especial.
Feliz Aniversário à Prevenir que completou, no mês desta edição, 10 anos!

Como “desligar” durante as férias?

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Finalmente de férias!
No entanto, que tanto planeámos, os nossos dias de descanso, afinal, não nos descansam! Devíamos estar a sentir-nos felizes, leves e libertas! Mas não estamos!


Que impacto tem na nossa saúde e no nosso bem-estar não conseguirmos desligar do trabalho, mesmo quando estamos de férias?

Ir de férias pode de facto causar-nos mal-estar ao ponto de podermos mesmo ter sintomas físicos como distúrbios gastro-intestinais, febre ligeira e dores musculares.

Esteja atenta a sinais de alerta como: sentimentos de angústia e de ansiedade por ir de férias, que se intensificam nas vésperas da data marcada. Cansaço quando está sem fazer nada. Não conseguir descansar. Necessidade de interromper as férias. Irritabilidade, falta de paciência para os outros, necessidade de comer mais do que o habitual, fortes dores de cabeça, descontrole do ciclo menstrual e perturbações do ciclo do sono/vigília.


Porque não conseguimos deixar de sentir stress, nem desligar do trabalho, quando estamos de férias?

Porque sofremos por um tipo muito especial de stress: o “stress do vazio”.
O stress que ocorre quando simplesmente não temos obrigações para cumprir, objectivos a atingir e marcações na agenda.

São sentimentos que resultam de um conjunto de factores, nomeadamente: o facto do nosso conceito de valor pessoal resultar daquilo que fazemos e do que possuímos (cargo, prestígio, dinheiro, bens materiais, amizades, companhia). O facto do ócio ter sido algo a que não fomos habituadas. O facto de nos terem ensinado que descansar é algo a que não nos devemos permitir, algo improdutivo, pouco sério e pouco útil à sociedade. O facto de podermos usar o nosso trabalho como tábua de salvação para os nossos problemas emocionais, relacionamentos insatisfatórios, solidão, sensação de desamor ou falta de objectivos pessoais.

Em todos estes pontos o trabalho é sentido como o refúgio que nos ajuda a enfrentar o que de menos bom acontece na nossa vida. Quando crescemos com a ideia de que o nosso valor pessoal depende da nossa produtividade precisamos do nosso trabalho para nos sentimos seguras: em relação a nós e em relação aos outros.

Clique aqui para conhecer 13 Estratégias para Conseguir “Desligar” durante as Férias


Este artigo foi originalmente escrito por Teresa Marta, para ser publicado na revista Prevenir, na sua edição de Agosto de 2015.

Estratégias para “desligar” nas férias:

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Descubra 13 dicas para o ajudar a desligar-se do trabalho durante as férias. Estas dicas foram publicadas na edição de Agosto da revista Prevenir. Leia-as agora:

Estratégias para conseguir “desligar” durante as férias:

1. Faça férias repartidas o mais possível. Isso vai diminuir a sua ansiedade quanto ao facto de ficar muito tempo fora.

2. Evite ir de férias com amigos comuns aos do trabalho.

3. Planei com antecedência as actividades que vai fazer em cada dia. Use tempo para fazer coisas diferentes das habituais ou para as quais não costuma ter tempo, como ir ao SPA ou visitar mercados de rua do comércio tradicional.

5. Planei tempo livre e permita-se passá-lo sozinha.

6. Se tiver crianças planei com antecedência algumas actividades para elas. Isso diminui as perguntas e a necessidade de arranjar desculpas e justificações de última hora.

7. Não se submeta a ir de férias para salvar um relacionamento. Se a sua relação não está bem, o tempo livre vai obrigá-la a passar mais tempo a analisar os porquês. Isso pode acabar com a sua relação. Mas pode acabar consigo, mantendo a sua  relação igual ou pior.

8. Viva os dias de férias com mais leveza dando aos assuntos do trabalho o seu peso real e não a carga que lhes confere.

9. Disponibilizar tempo para estar com pessoas, mas pessoas de quem realmente goste e que lhe façam realmente bem.

10. Se viajar para fora de Portugal tente um destino onde sinta conforto. Opte por países para onde não tem de ir preocupada com vacinação, cuidados alimentares específicos ou segurança.

11. Tenha coragem para desligar as “máquinas”: telemóvel, net móvel, etc. Se de todo não conseguir fazê-lo, estabeleça uma hora para o fazer específica e um limite de tempo para estar on-line ligada à empresa (não mais de meia-hora por dia!).

12. Simplifique! Os dias, as refeições, o vestuário, as saídas, os convívios. Aproveite para treinar dizer “não” ao que não gosta nem lhe faz bem. Basta!

13. Não se culpabilize por ir de férias. Descanse. O trabalho existirá sempre. Estará lá sempre. Amanhã não sabemos como será. O único tempo que podemos controlar é o agora. Por isso, aproveite!

Desligar do trabalho durante as férias

Dicas: Como Praticar o Desapego?

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“Desapegar” é desconfortável pois obriga a contactar com aquilo que nos dói. desapego é uma atitude e resulta da nossa capacidade para ultrapassar o medo da insegurança e da carência.

Veja abaixo algumas dicas para o ajudar a Praticar o Desapego.

Como Praticar o Desapego?


  1. Valorizar menos as expectativas que os outros têm sobre si e os objectivos que lhe colocam. As contas finais da sua vida são dadas por si, a si mesma! 

  2. Treinar o merecimento libertando a ideia de que aquilo que merece depende do valor que os outros lhe atribuem. 

  3. Ser menos perfeccionista deixando ir a ideia de que nunca é suficiente. 

  4. Identificar os pesos que a sua vida tem e se ainda precisa deles para ser feliz. Perceba se aquilo que carrega como importante para a sua sobrevivência não é algo pelo qual está a pagar um preço elevadíssimo. 

  5. Permita-se ser quem é e como é e liberte a necessidade de controlar o que os outros são.

  6. Comece por se desapegar de coisas simples: diminuir o número de cafés por dia; a quantidade de vezes que troca de mala ou de sapatos; os pequenos-almoços fora; o último gadget; levar o carro até à porta do emprego. Aos poucos vai começar a sentir-se melhor pois está usar a força do fazer para se desapegar de coisas que afinal até pode prescindir. 


COMO DESAPEGAR-SE...

…de bens materiais?
Praticar o desapego de bens materiais exige coragem para nos assumirmos pelo que somos e não pelo que temos. Um bom exercício é reduzir as nossas necessidades e perceber que, mesmo vivendo com menos, sobrevivemos. Este exercício permite-nos resgatar a fé na nossa capacidade criativa e no nosso potencial de mudança. Muitas vezes vivemos situações de dependência material às quais nos apegamos porque deixamos de acreditar na nossa capacidade de mudar, de fazer algo diferente, de seguir sem o apoio das pessoas habituais. Todas estas são estratégias que a nossa mente percepciona como confortáveis pois não nos obrigam a ir para o desconhecido. Ter menos bens materiais não nos deve preocupar. O que deve preocupar-nos é perdermos a vontade própria, a resiliência e a capacidade de acreditar no nosso potencial e na nossa força criativa.

…de sentimentos negativos?
Os nossos sentimentos resultam daquilo que pensamos. Como tal, para agir sobre a forma como se sente tem de agir primeiro sobre a forma como pensa, sobre aquilo que pensa. Praticar o desapego relativo a sentimentos negativos significa estar consciente de que a única coisa que podemos efectivamente controlar é a escolha do que sentimos face ao que nos acontece. Esta é a base da sabedoria emocional. Tudo o resto é apego a velhas fórmulas que já testámos e que já não nos servem para nada. Seja honesta com aquilo que sente. Este processo é complexo, mas pode simplificá-lo assumindo, de uma vez por todas, o respeito pela sua verdade interior. Seja honesta e assuma o que é melhor para si. Isso fará com que os sentimentos negativos fiquem cada vez mais longe.

…de pessoas?
A maioria das situações que nos prendem são de natureza relacional: “não consigo viver sem esta pessoa”, “não consigo seguir em frente sozinha”. Um dos melhores exercícios que pode fazer para se desligar de pessoas que já não contribuem para o seu bem-estar é fazer o exercício do “regresso à origem”. Isto é: antes de existir a pessoa da qual tem de se afastar já era pessoa. Já tinha a sua vida. Bem ou mal, existia, produzia, crescia e avançava. Trabalhe o amor e a aceitação por si mesma. Quanto mais se aceitar e acreditar em si, mais as circunstâncias lhe parecerão simples e as soluções possíveis. Porque as situações ficarão a depender cada vez mais de si e não daquilo que os outros possam ou não fazer. Logo, ficará menos presa ao que a envolve e mais ligada à sua vontade pessoal.

…do passado?
O desapego relativo ao passado (face ao que tivemos e já não temos, face ao que amámos e que será irrepetível, face à culpa e à perda) ultrapassa-se com aceitação. Para tal, anule a crítica e a culpabilização. O que passou está lá. Aceite-se como é agora e as circunstâncias como se apresentam. Só aceitando a situação presente, sem fugir, pode construir algo diferente para o seu futuro. Tenha orgulho em si e na sua história. Apesar de tudo o que possa estar a sentir, foi ela que a fez chegar aqui. Não podemos ser felizes se permanecemos amarrados a esqueletos antigos, que não nos deixam seguir em frente. Não tenha receio de percorrer caminhos novos. Buscar o que ainda não alcançou traz-lhe uma sensação de liberdade incrível! E, dessa liberdade pessoal também nasce a felicidade. A culpa é algo que tem de aprender a deixar para trás, se quer ser feliz. A culpa não serve para nada! Apenas para nos sobrecarregar de angústia, de vazio e de tristeza. Aquilo que fez, e que está a gerar essa culpa, fê-lo o melhor que sabia, nas condições e com os conhecimentos que tinha na altura.

…do futuro?
O desapego face ao futuro significa tranquilizarmo-nos pelo que pode ou não vir a acontecer. Porque o apego ao futuro representa o nosso desejo de controlo: o desejo de controlar aquilo que não podemos mas desejamos. Para nos desapegarmos dos “E se?” que nos prendem, temos de ter vontade de entrar no desconhecido, o campo de todas as possibilidades. Trabalhe para criar o futuro que deseja. Essa é a principal forma de o alcançar. Neste trabalho, desprenda-se do resultado e foque-se no caminho que está a fazer para o alcançar. Isso diminui-lhe a ansiedade pela concretização permitindo-lhe observar alternativas mais simples para alcançar o que deseja. O foco no resultado está sempre ligado ao medo e à insegurança. E estes são as nossas grandes prisões. Seja qual for a sua origem familiar, as suas condições de partida, os seus traumas e inseguranças, pode sempre trabalhar para criar o futuro que deseja. Lembre-se que mais importante do que aquilo que fizeram de nós e aquilo que nos deram, é aquilo que conseguimos fazer com o que temos agora.


Estas Dicas fazem parte de um artigo originalmente escrito por mim para a revista Prevenir e publicado na edição de Maio 2015. Estas são as Dicas sobre a primeira parte do artigo, que pode ler aqui no blog.


Teresa Marta

Que seca!

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Têm cerca de 13, 14 anos e, à exceção de um ou outro, não fazem a mínima ideia do que querem da vida, do que gostam, do que são capazes, do que os estimula ou entusiasma porque, na maior parte das vezes, a resposta a esta pergunta é vazia - é nada.

Não há nada que queiram realmente. Nada que sonhem à séria, nada que ambicionem a não ser comer um pacote de batatas fritas, ou um pão com chouriço, beber coca-cola e dormir. Dormir,  sempre que faz calor de mais. Dormir sempre que se sentem aborrecidos, e sentem-se aborrecidos quase sempre porque a vida, à exceção de alguns minutos em que trocam alarvidades proibidas, é aborrecida.

É uma seca.

Por outro lado, há muitas coisas que gostavam de ser, de ter, de fazer. Gostavam... mas não o suficiente para despenderem um quarto do esforço, da energia, que a realização de cada uma exigiria. São, por isso, desistentes. Daqueles desistentes que nem sequer chegam a dar início à corrida.

Parece que já nasceram cansados, desanimados, indiferentes.


O que é que está mal com estas crianças? O que é que sempre esteve, mais ou menos mal com todos nós? Porque é que somos um povo com comportamentos de derrota, de desistência, de adormecimento?

Porque não estamos, e creio que nunca estivemos, habituados a participar.  Estamos habituados a que tomem conta de nós, que decidam por nós, que mandem em nós. Protestamos, tal como as crianças protestam, porque o protesto é uma forma de apaziguar a nossa consciência. Uma forma que dá muito menos trabalho do que a participação e requer responsabilidade zero, enquanto a participação exige a responsabilidade total, e isso assusta.

Não fomos instruídos sobre as maravilhas que se escondem na vida quando ela é realmente dirigida por nós e a usamos para realizar os sonhos que verdadeiramente sonhamos porque acreditamos na sua possibilidade.


Se uma grande parte dos pré-adolescentes não sonha, é porque não acredita na realização dos sonhos. Porque sabe, de um saber feito da experiência que os seus sentidos vivem, que os sonhos são como o pai natal - uma invenção que não merece credibilidade alguma.


Cerca de 1930 já Piaget dava relevo ao método self-government. Dizia ele que este método deveria ser introduzido na Escola a partir dos 11-12 anos, dado ser uma idade em que o desenvolvimento moral já o permitia.

O self-government tinha em vista comprometer os alunos nas decisões tomadas na Escola, através da sua presença em reuniões e mesmo, em certos casos, do seu voto. Desta forma, caberia ao alunos elegerem os seus representantes para integrarem o governo da Escola, comprometendo-se a aceitar as regras por todos estipuladas.


Não é, na minha modesta opinião, tanto a prática que precisa de ser relevada, mas o princípio. O princípio do respeito, da atenção, do contar com, que não existe e, por não existir, deixa as crianças crescerem afastadas de tudo o que acontece, aproveitando, para si mesmas, o que lhes é prazeroso e conveniente como se elas, as crianças, existissem apenas para desfrutar e suportar as vontades dos adultos.

O método de Piaget não pode ser implementado apenas no governo da Escola. Já existem muitas escolas com alunos a participar do Conselho Diretivo e já se percebeu que isso, a beneficiar alguém, serão apenas esses alunos - os que participam diretamente -, porque os outros vivem à margem dessa prática.

"Este método deve igualmente ser implementado dentro das turmas onde regras disciplinares ou outras devem ser respeitadas por todos depois de discutidas e livremente aprovadas. Na opinião do autor [Piaget], esta é a melhor forma de desenvolver a formação de um espírito cívico, bem como um verdadeiro sentido de justiça, não havendo, tal como para a Educação Internacional, a necessidade de criar uma área disciplinar para abordar esta temática, mas antes fomentando a sua prática no quotidiano da actividade escolar (Piaget, 1930c; 1932a; 1934-35; 1934b)." *
* - Veiga Simão, Ana Margarida et alii, Psicologia da Educação - Temas de Desenvolvimento, Aprendizagem e Ensino, 
Organização de Guilhermina Lobato Miranda e Sara Bahia, 2005, Lisboa, Relógia d'Água Editores.

Como até aos dias de hoje ainda ninguém fez grande coisa e os meninos e meninas de 13, 14 anos continuam a adormecer sem grandes sonhos, o projeto educativo Mostra o Teu Herói® vai fazer - vai despertar, em todos os meninos e meninas que vierem ao seu encontro, a capacidade de sonhar e a autoconfiança necessária à realização, por todos e por cada um, dos sonhos sonhados.



Alda Couto,
Técnica Superior de Educação


Praticar o Desapego

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O desapego é uma atitude e resulta da nossa capacidade para ultrapassar o medo da insegurança e da carência. Carência financeira, mas também carência relativa a objectos e bens materiais, pessoas, relacionamentos, empregos, crenças e até a imagem que construímos sobre nós (carência de estima pessoal). Estamos a praticar o desapego quando conseguimos fluir pela vida, independentemente desta nos estar a oferecer aquilo que desejamos ou a levar-nos para o desconforto da insegurança.


“Desapegar” é desconfortável pois obriga a contactar com aquilo que nos dói.

Faz com que o nosso Self “contacte” com o nascimento: o momento de desprendimento mais difícil pelo qual passámos. Embora não tenhamos consciência disso, o nascimento é o nosso momento originário de desapego. Um desapego imposto, que nos obriga a deixar o conforto uterino em segundos. A deixar ir o cordão umbilical que nos acompanhou desde a primeira célula e a abandonar a nossa respiração (sobrevivência) uterina para a substituir, em instantes, por uma nova forma de respirar.

Praticar o desapego significa ter a coragem para deixar ir. Deixar partir. Ter coragem para nos rendermos. Significa perceber que persistir “amarrado” traz-nos mais dor emocional, mais peso no dia-a-dia, mais stress, menos auto-estima, menos saúde e menos alegria. Desapegar significa deixar ir o perfeccionismo, o medo de falhar e preocupações de tipo “e se?” ou “como vou conseguir?”. E também ter a capacidade de nos desligarmos das expectativas e dos objectivos que perspectivaram para nós.

Desapegar é, no entanto, muito difícil.
Desde logo, porque temos consciência de que podemos estar a sair para o nada, a deixar algo para entrar no vazio. Este processo gera a sensação interna de que podemos fracassar. E com essa sensação, o medo. E com ele a vontade de ficarmos imóveis. De ficarmos presas à nossa zona de conforto.

Vantagens de praticar o desapego 

Praticar o desapego não significa ser irresponsável. Ao contrário significa ter a capacidade para perceber o que já não nos faz felizes, o que já não contribui para o nosso crescimento e agir em conformidade com esses inputs.

São várias as vantagens de praticar o desapego. Eis algumas:

  • Ter uma vida mais leve, menos exigente
  • Aumentar a liberdade pessoal
  • Viver em função do nosso propósito de vida 
  • Ter mais tempo para nós e para a família
  • Viver com menos stress 
  • Fazer, cada vez mais, o que gostamos
  • Dormir melhor
  • Ser mais alegre 
  • Afastar pessoas tóxicas 
  • Dizer o que pensamos sem medo
  • Diminuir a culpa 
  • Retirar o peso do perfeccionismo 
  • Viver feliz com menos bens materiais
  • Aumentar a auto-estima e a percepção do valor pessoal
  • Aumentar a auto-aceitação e o auto respeito
  • Viver cada vez menos em função do que parece bem aos outros
  • Sair da prisão das circunstâncias do passado

Como praticar o desapego?

O desapego é uma capacidade emocional que se aprende. Para nos desapegarmos temos de estar conscientes de que aquilo que nos prende está fora de nós (pessoas, objectos, condições de vida, relacionamentos…).

Treine o desapego: Veja o artigo das Dicas para Praticar o Desapego aqui:
http://teresasemmedo.blogspot.com/2015/06/dicas-praticar-o-desapego.html

 A que devemos, então, apegar-nos? 


  • Pessoas positivas e construtivas
  • Família e amigos
  • Pensamentos positivos
  • Pequenas conquistas do dia a dia
  • À capacidade de relativizar e de ver para além do problema presente
  • À capacidade de acreditar na vida
  • À nossa força infinita para mudar e de recomeçar
  • Ao agora, ao Presente
  • Ao reforço do nosso sentimento de merecimento
  • A um local de conforto onde nos sintamos seguros
  • À nossa capacidade inata e infinita de mudança
  • A todos os obstáculos que já conseguimos ultrapassar
  • A tudo o que já temos e que nos esquecemos de agradecer
  • À nossa verdade interior


Este artigo foi originalmente escrito por mim para a revista Prevenir e foi publicado na edição de Maio 2015.


Teresa Marta

Não gosto da minha irmã

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Joana tem 42 anos, é casada há 15 e tem duas filhas: Patrícia, com 12 anos, e Luísa, com 8 anos de idade.

Pergunta: 
A minha filha mais velha pensa que eu gosto mais da irmã do que dela. Esta semana escreveu-me esta mensagem: “desde que a minha irmã nasceu, a minha vida é uma porcaria!”. Diz-me várias vezes que eu acho graça a todas as brincadeiras da irmã e que ela é mais bonita do que ela.

Resposta:
Compreendo perfeitamente que se sinta angustiada e imagino o quanto deverá ser duro para si ouvir a sua filha dizer-lhe que gosta menos dela do que da irmã.

O nascimento de um irmão é sempre uma fase sensível para os filhos mais velhos. É comum que os irmãos fiquem ligeiramente perturbados podendo pensar que os pais vão gostar mais do bebé do que deles, que o bebé vai roubar toda a atenção, que os pais querem outro bebé por eles terem feito alguma coisa de mal.

Posteriormente, a rivalidade entre os irmãos pela atenção dos pais faz parte do natural desenvolvimento das crianças.

A Patrícia manifesta não só um comportamento de rivalidade fraterna, importante para o seu desenvolvimento, como verbaliza a necessidade que sente na confirmação do amor da mãe. As palavras da mensagem remetem para a problemática da aceitação do nascimento de um irmão. Ora, não se trata aqui de uma questão de amor por parte dos pais, mas sim de uma necessidade de comunicação.

Concretamente, a Patrícia precisa urgentemente de ser ajudada pelos pais a (re)encontrar o seu lugar na família e reforçar os sentimentos de segurança e de amor no seio da mesma. Só assim conseguirá desenvolver uma relação saudável com a irmã.

Se a Patrícia não for ajudada vai crescer com o sentimento de ser “menos amada”, “menos bonita”, “menos competente”…, o que contribui fortemente para a construção de uma baixa auto-imagem de Si.

Consequentemente, o que hoje representa “ser menos do que a irmã” poderá transformar-se em “ser menos do que os outros” e por isso ter implicações importantes na sua vida e na criação de relações sociais saudáveis.

Carina Silva,
Psicóloga Clínica



Eu e o meu marido não concordamos em relação à educação do nosso filho

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Tenho 41 anos, sou casada há 13 anos, tenho dois filhos (12 e 9 anos de idade).

Com a minha filha Ana, nunca tive problemas. No entanto, o comportamento que o meu filho Miguel tem na escola veio mostrar que eu e o meu marido não nos entendemos nesta questão. Temos pontos de vista opostos. O nosso filho traz recados de mau comportamento e eu digo-lhe que ele não pode bater nos colegas. O meu marido diz que ele tem de bater, que tem de se defender.

Vejo que os meus filhos não andam bem. Estão oprimidos e confusos porque o pai diz uma coisa e mãe diz outra. 

Acha que terei de separar-me do meu marido?

Maria, quando li o seu email, a sua questão levou-me a pensar, por um lado, o quanto se deveria estar a sentir só e desamparada com as dificuldades resultantes do comportamento do seu filho. E, por outro lado, o grande desejo que sentia para resolver este problema em conjunto com o seu marido.

O comportamento do Miguel é uma preocupação de ambos os pais. Parece-me, que a permissão que o seu marido dá ao filho para usar da violência na relação com os colegas, esconde o medo de que o seu filho possa ser vítima de agressão. Ou seja, o pai pensa que se o filho for agressivo está menos exposto à possibilidade de ser agredido. Como tal, entende estar a protege-lo.

Ora, o comportamento desajustado do Miguel revela as suas fragilidades emocionais. Nomeadamente, a dificuldade em lidar com a zanga e com a frustração na gestão de conflitos inerentes à relação com os pares. Esta fragilidade impede-o de agir de forma saudável – assertiva.
Ao contrário, age agressivamente.

O estabelecimento de relações saudáveis de amizade são fundamentais na faixa etária do Miguel. Contribuem para o desenvolvimento harmonioso da personalidade.

O Miguel precisa por isso que os pais o ajudem a desenvolver as suas competências emocionais, nomeadamente a assertividade, ou seja, o ser capaz de expressar os seus desejos e opiniões, com segurança e clareza.

As funções parentais são um desafio importante, mas, frequentemente, contribuem mais para o afastamento, do que para a união entre o casal.

Aconselho-vos a procurarem ajuda para que possam ajudar o vosso filho também.

Carina Silva,
Psicóloga Clínica

Nem Todas as Crianças são Anjos

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Não. Nem todas as crianças são anjos. Pelo menos não aos nossos olhos.

Há crianças insuportáveis, caprichosas e mal-educadas e nunca são os nossos filhos, evidentemente.

Eu comecei a trabalhar com elas, a tempo inteiro, há vinte anos, já me passaram muitas pelas mãos, como se costuma dizer, mas houve uma boa meia dúzia que me deu água pela barba, daquela que por mais toalhas que se ponham a aparar, não pára de correr. Sim, uma boa meia dúzia - cada um à sua maneira.

Esta pequena crónica é dedicada a esses meninos e meninas, que hoje são já adultos, porque foram eles os que mais me ensinaram. Os que mais me ajudaram a crescer, como educadora, como pessoa. Dado que aqui não cabem todas as histórias, vou falar-vos do Marco - o meu primeiro grande desafio.


O Marco era uma criança prepotente, teimosa e, no geral, mal-educada. Desafiava permanentemente a minha "autoridade", respondia mal e fazia questão de não compreender nada do que lhe era explicado porque nada daquilo lhe interessava verdadeiramente. Aliás, nada lhe interessava, a não ser o alheamento e o prazer imediato.

Habituado a que lhe fizessem todas as vontades, não admitia oposição e tinha o dom de me irritar até à medula. Eu DETESTAVA o Marco e culpabilizava-me, todos os dias, por detestar uma criança.

A nossa relação era impossível e de cada vez que o Marco entrava pela porta adentro eu detestava-o ainda mais. Tive momentos brilhantes em que me levantava para me fechar na casa de banho e contar até dez, até vinte, até onde fosse preciso para acalmar dentro de mim a vontade de o esbofetear.

Pensei, várias vezes - muitas vezes, todos os dias -, em dizer à mãe do Marco que não o podia ter comigo, mas a verdade é que desistir dele seria admitir a minha incapacidade.


Desistir dele seria desistir de mim. Assim, decidi olhar para a nossa relação como um dos maiores desafios da minha vida. No dia em que eu fosse capaz de me alegrar com a presença do Marco, eu teria conseguido a minha medalha de ouro. A primeira coisa que fiz foi olhar, não para o Marco mas para a criança. A verdade é que eu gosto muito de crianças, dou-me bem com elas, sinto-me realizada sempre que sei que estou a acrescentar algo de válido à vida de cada uma delas, por isso passei a olhar para o Marco-criança e não para o Marco prepotente e mal-educado.


Esse foi o primeiro passo para o milagre que se deu a seguir. O meu olhar mudou, eu mudei, o Marco mudou - tudo mudou porque abriu caminho para o passo seguinte: gostar do Marco; olhar para tudo o que de bom o Marco tinha. A partir daí foi fácil e eu passei a gostar do Marco e o Marco de mim e dos meus conselhos e das matérias da escola...


O Marco ficou comigo até fazer o 12º ano. Hoje está formado e é feliz.

Há cerca de seis anos recomendou-me a uma outra criança e, com ela, foi à minha procura. Eu já não estava onde ele me tinha deixado mas o facto é que ele me encontrou. No início desta crónica falei em uma boa meia dúzia que me deu água pela barba mas, felizmente, tive o Marco para me ensinar a lidar com todas elas.

Oiço muitas vezes muita gente dizer que as crianças estão cada vez piores, cada vez mais difíceis, cada vez mais mal-educadas. Eu acredito que os problemas infantis são mais ou menos os mesmos e sei, por experiência própria, que eles dependem sobretudo de nós - da nossa preparação para chegar até eles porque os meus anos mais difíceis, as minhas crianças mais difíceis, passaram por mim há cerca de vinte anos e nunca mais voltaram.

Foram essas que me ensinaram a ultrapassar uma grande parte dos obstáculos e hoje, para mim, as crianças são mais fáceis do que eram nesse tempo - há vinte anos atrás.

Alda Couto,
Técnica Superior de Educação

Crescer pelo confronto

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Visita à SEIES - Entrega dos Donativos da Conferência da Coragem Geralmente temos medo de entrar em confronto com o outro. E não gostamos de ser confrontados. Na raiz de ambas as situações está o nosso receio de sermos humilhados, de perdermos a batalha que origina o confronto. Mas também, amiúde, o receio de sermos abandonados pelo outro. Ou de perdermos a sua estima, a sua admiração, e, na base, o seu amor.

No entanto, assumir o confronto, sem medo, poderá ter resultados muito positivos no aumento da nossa auto-estima e no reforço do nosso valor pessoal. Claro que, estamos aqui a falar de confronto praticado com honestidade e respeito pelo outro. Pelas suas diferenças de opinião. Pela sua singularidade.

Hoje, tive o grato prazer de visitar a SEIES - Sociedade de Estudos e Intervenção em Engenharia Social, na sua sede, em Setúbal. O motivo da visita foi entregar o donativo angariado aquando da primeira Conferência da Academia da CoragemAs Mulheres e a Coragem, que teve lugar no passado dia 7 de Março. Nesta visita, foi-nos apresentada a Associação, que ficámos a conhecer por dentro. Percebemos melhor qual a sua missão, que apoio dá às mulheres que a procuram e as variadas formas como esse apoio é prestado.

Em conversa com a Dra. Isabel Rebelo, que nos explicou a origem do projecto, no início dos anos 80, foi com alegria e alguma surpresa que ouvimos a dirigente dizer que a SEIES ajuda mulheres sim, mas estabelecendo com elas um confronto que as obrigue a encontrarem por si mesmas as respostas que procuram, os recursos que pretendem e as mudanças de vida que desejam. Ou seja, a ajuda é muito mais que oferecer o peixe sem espinhas e já cozinhado. A caridade ajuda significa devolver ao outro a sua capacidade inata de dar a volta por cima! É esta a filosofia desta Organização, que considero um exemplo!

Obrigada pelo trabalho que estão a desenvolver!
A Academia da Coragem cá estará para continuar a apoiá-lo!

Leia também a notícia sobre a entrega dos donativos no site da Academia da Coragem:
http://www.academiadacoragem.pt/noticias/academia-entrega-donativos-a-seies

Teresa Marta

Ana, com os nervos à flor da pele, reencontra o equilíbrio

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Se estão recordados, na última crónica contei a estória de Ana, que gostaria de se sentir menos nervosa e melhorar a relação com o seu marido.

Ana tomou consciência que o afastamento conjugal se tinha iniciado após o nascimento da filha de ambos, mas que nos últimos anos ainda se tinha agravado mais.

Ora, o nascimento do primeiro filho constitui uma marca fundamental na história de qualquer casal, na medida em que ao sistema conjugal se acrescenta o parental. Assim, é comum que numa primeira fase, o casal se centre fundamentalmente nas funções parentais.

Os elementos do casal deixam de ser apenas filhos, passando a ser também pais havendo ainda tendência para darem atenção à sua relação com os seus próprios pais. Estes motivos (mais complexos do que à partida parece), fazem com que numa primeira fase as atenções do casal estejam muito mais centradas na parentalidade do que na intimidade.

Assim, neste contexto de exploração das dimensões feminina e materna de A., esta recorda: “não sei se isto tem alguma coisa a ver, mas quando eu era pequena lembro-me de ouvir uns barulhos que vinham do quartos dos meus pais. Na altura eu não sabia o que era e tinha medo. Mas agora sei que tinham a ver com a vida íntima dos meus pais.” A. percebeu que este acontecimento estava claramente relacionado com a sua própria vida íntima, tanto mais que o distanciamento se agravava à medida que a filha, Maria, crescia.

A. sentia-se um pouco perdida porque acabava de fazer a ligação entre um acontecimento do passado e a influência deste na sua vida presente, mas não sabia como isso a poderia ajudar na prática.

A. iniciou o caminho do amor próprio e por isso começou a dedicar tempo para trabalhar o seu bem-estar emocional. Numa primeira fase,  exercícios respiratórios específicos, banhos relaxantes e o uso de cremes corporais, manifestaram-se muito benéficos para restabelecer o seu equilíbrio. Depois, partilhou com o marido o que se passava. Em seguida, começou a convidá-lo para fazer os programas que ela desejava fazer, mas que esperava que ele adivinhasse e a convidasse. Em suma, actualmente Ana continua casada e sente-se muito feliz.

Na relação conjugal, o ritmo da intimidade, em casais com alguns anos, é frequentemente vivido de forma distinta pela mulher e pelo homem.

Carina Silva,
Psicóloga Clinica

Mãe Suficientemente Boa

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Durante muitos anos acreditou-se que o papel de mãe se traçava em torno do cuidar.

Intoxicadas por regras de puericultura e "moldagem" de personalidades como se nascêssemos argila à espera de sermos trabalhados, as mães viam-se muitas vezes impedidas de dar largas à sua criatividade e até ao amor que sentiam pelos filhos.

Cuidar foi, durante séculos, sinónimo de alimentar, manter limpo e zelar para que dormisse o mais possível. Há meio século vivia-se mesmo o mito de que os bebés não deviam ser beijados não fossem sofrem um ataque crónico de micróbios galopantes e, qui ça, mortais.

O conceito de Mãe Suficientemente Boa traçado por Winnicot poderia ter alterado o comportamento de muitas mães se nós tivéssemos vivido num país diferente e, se tal tivesse acontecido, quem sabe seríamos hoje um povo diferente.

Mas como a minha mãe sempre disse - "não vale a pena chorar sobre o leite derramado" e "vale mais tarde do que nunca".

Assim, aqui fica para quem ainda pensa que ser mãe é um bicho de sete cabeças:

Ame o seu filho na certeza de que ele é uma pessoa desde o momento em que nasceu. Observe-o. Estabeleça com ele uma relação de amor, curiosidade e respeito. Você é o espelho dele - não receie Ser. Dê asas à sua criatividade.

"Winnicott acreditava que a mãe suficientemente boa é aquela que possibilita ao bebê a ilusão de que o mundo é criado por ele, concedendo-lhe, assim, a experiência da onipotência primária, base do fazer-criativo. E a percepção criativa da realidade é uma experiência do self, núcleo singular de cada indivíduo."
- Fonte: Psicologado.com

Alda Couto,
Técnica de Educação

Mostra o Teu Herói: Nova autora no TSM

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O blog Teresa sem Medo contará, a partir de hoje, com mais uma autora. A Dra. Alda Couto, Técnica Superior de Educação, especializada no Desenvolvimento Pessoal de Crianças e Jovens.

Conheço a Alda há 10 anos. Uma amiga comum, do tempo em que fui Directora de Marketing da UNICRE, colocou-nos em contacto. Esta amiga comum considerou então, que eu e a Alda partilhávamos as mesmas ideias sobre educação infantil e juvenil. E, sobretudo, sobre aquilo que estamos a pedir aos nossos filhos. E, ainda, sobre aquilo que o nosso sistema de ensino faz às nossas crianças.

Desde logo, a empatia entre mim e a Alda foi mútua. Nessa altura eu ainda era Directora-Geral e Vice-Presidente de uma empresa, sem disponibilidade de tempo para acumular mais um projecto.

Mas a vida sabe quando é o tempo ideal para que as coisas aconteçam! E, no início deste ano de 2015, fez-se tempo para nos reencontrarmos. E eu, já sem as tarefas exigidas pela gestão diária empresarial, pude dar atenção genuína ao Projecto Mostra o Teu Herói.

O Mostra o Teu Herói é um Projecto Educativo, de desenvolvimento infantil e juvenil cuja missão é ajudar crianças e jovens a conhecerem-se, a conseguirem olhar para si com estima e carinho, a conseguirem olhar paras as suas dúvidas interiores e a conseguirem expressar o que sentem. Sem culpa. Sem receio de serem julgados. Sem medo de assumirem a sua singularidade.

E, para se assumir a nossa singularidade, é preciso coragem. E é preciso que nós, pais e educadores, consigamos expor aos nossos filhos, quem somos, também nós, sem medo. Assumindo a nossa humanidade. Por isso, fez-me todo o sentido convidar a Alda Couto para escrever todas as quinzenas, aqui, no Teresa Sem Medo. Um sítio, onde todos nós, grandes e pequenos, podemos também mostrar o nosso Herói. Um Herói tantas vezes anulado.

Sendo assim, quinzenalmente, à quarta-feira, terá aqui a Alda Couto, com as suas partilhas no âmbito do seu trabalho com crianças e jovens. Partilhas onde contará os seus desafios e concretizações no Mostra o Teu Herói.



5 Dicas para melhorar a sua vida já!

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1. Praticar a Aceitação


Se pretende fazer alguma mudança estrutural na sua vida, comece por aceitar o que tem e quem é, neste preciso momento. Mesmo que isso signifique aceitar algumas partes de si que não goste, tudo o que é, e o que tem neste momento, é a matéria que lhe vai permitir alavancar a mudança que deseja fazer. Mais: aceitar o que a vida nos tem colocado no caminho, caso não seja algo de positivo, não é uma condenação nem um acto de submissão. Trata-se apenas da base para trabalharmos no sentido de percebermos porque continuamos mergulhados em processos com os quais não nos identificamos e dos quais não gostamos.


2. Mergulhar nos medos

Mergulhar nos nossos medos, naquilo que mais tememos pode parecer aterrador, mas é indispensável para que se revelem todas as bênçãos que procuramos e que não conseguimos alcançar. Como diz o ditado “depois da tempestade vem a bonança”. No entanto, para que o sol apareça é necessário que enfrentemos a tempestade. É necessário enfrentarmos o que pensamos ser impossível. Paradoxalmente, qualquer transformação que sinta ser a mais difícil é a que mais precisa de fazer para que a mudança positiva se manifeste. Vale a pena tentar. 


3. Acreditar no timing dos processos

As soluções que procuramos estão normalmente mais perto do que pensamos. No entanto, não as vemos pois estamos muito preocupados e concentrados no que se vai passar e como se vai passar mais à frente, no futuro. Antes pois de fazer planos sobre como as coisas virão até si, tente perceber se as respostas que procura já não se encontram perto de si. Perdemos tantas oportunidades por estarmos focados naquilo que pode vir a acontecer! Os processos têm os seus timings. Confie na sua intuição para se deixar guiar por eles. Pacifique o seu Coração.

4. Abraçar a mudança  

Por vezes sentimos que as mudanças que desejamos tendem a demorar. Na grande maioria das vezes em que isso acontece, não vemos as respostas porque efectivamente, não estamos dispostos a mudar. Se fizermos as mudanças necessárias, as respostas que procurávamos surgem de imediato à nossa frente.

5. Agir com consequência

“Não estou psicologicamente preparada!”, “Não vale a pena, já não vou chegar a tempo”, “Amanhã será ideal para fazer isso, hoje não”. Se estas razões lhe surgem frequentemente na cabeça para não fazer o que planeia, significa que a sua acção não tem consequência. É vazia. E como tal nunca lhe trará o retorno esperado. Se as acções que planeamos fazer são de facto importantes para o nosso crescimento pessoal, continuar a adiar (por muito válidas que o nosso cérebro considere serem as razões), só nos traz tristeza e culpa para connosco próprios. E  ninguém pode ser feliz assim! 

Teresa Marta

Estarei feliz com as minhas Amizades?

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A sua felicidade nas amizades e nas relações sociais é um factor de peso para a sua felicidade num todo, pois somos seres sociais. Mas como anda a sua? Este artigo faz parte de um conjunto de questões de auto-diagnóstico na sequência do artigo Sou Feliz? publicado na edição de Fevereiro da revista Prevenir, e que pode ler também aqui no blog.

 Auto-Diagnóstico: Eu sou Feliz nas minhas Amizades?
(Relacionamentos)


A minha felicidade nas amizades e relações sociais:

a) Não consigo dizer Não.
Os meus amigos não respeitam os meus limites e têm dificuldade em pôr-se no meu lugar. Sinto que dou mais do que recebo. Não consigo dizer “não”.

b) Não gosto de pedir ajuda aos meus amigos.
Prefiro contar comigo a incomodar os outros. Por vezes duvido se podemos mesmo confiar em alguém.

c) Sei respeitar o espaço, o tempo e os problemas dos meus amigos.
Não me imponho nem culpabilizo. Não dou conselhos que não pratico. Digo não quando preciso e sei estabelecer limites saudáveis.


A trabalhar: 
As amizades são dos relacionamentos mais importantes que podemos ter ao longo da vida.

Podemos perder familiares, não ter filhos ou marido, mas tudo se torna mais fácil quando temos amigos.

Não há duração nem intensidade para as amizades. As amizades podem ser breves ou durarem muito tempo. Podem ser mais intensas ou mais suaves. Todas têm a sua função na nossa vida e todas nos recordam que ninguém é feliz isolado. Não podemos escolher os nossos pais. Ao invés, os nossos amigos fazem parte das nossas escolhas conscientes.

No entanto, como em todos os relacionamentos, as amizades também têm limites para não se tornarem relações que nos adoecem. Não se culpabilize quando as amizades não correm como esperava. A culpa é algo que tem de aprender a deixar para trás, se quer ser feliz. A culpa apenas serve para nos sobrecarregar de angústia, de vazio e de tristeza.

Não se sinta Obrigada a dizer “Sim, vou ao cinema contigo!”, “Estou muito cansada, mas podes ligar logo de manhã!”, quando a resposta que lhe apetece dar é: “Estou cansada e manhã é domingo e quero dormir!”. Você está a viver a sua vida, não a dos seus amigos.

Auto-Diagnóstico: Estou feliz de Finanças?

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Este artigo de auto-diagnóstico faz parte de um conjunto de questões que vêm na sequência do artigo Sou Feliz? que saiu na edição da revista Prevenir de Fevereiro, e que está disponível também aqui no blog. Para alcançar a Felicidade, terá que acreditar na possibilidade de a encontrar. É capaz?

 Auto-Diagnóstico: Sou Feliz com as minhas Finanças?


Qual é a minha relação com o Dinheiro?

a) Sempre tive uma má relação com o dinheiro.
Por mais que tente, o dinheiro escapa-se. Nunca consigo chegar com dinheiro ao fim do mês. Existe sempre mais uma conta para pagar.

b) Acho que o dinheiro não dá felicidade.
O dinheiro não me traz felicidade. Aliás, o dinheiro só faz com que as pessoas sintam que nunca é suficiente. Habituei-me a viver com o essencial e isso basta-me.

c) Gosto assumidamente de dinheiro por o que pode proporcionar e pela independência que me dá.
Trabalho para isso e mereço ser bem paga. Não tenho vergonha de assumir o prazer de não ter problemas financeiros. E, se algum dia os tiver, farei tudo para recuperar a minha independência, nem que tenha de ter dois empregos.


A trabalhar: 
Se as suas convicções sobre dinheiro estão representadas nas afirmações a) e b), deve começar por trabalhar as suas crenças sobre merecimento no que respeita à prosperidade financeira.

Existe uma enorme diferença entre o que dizemos merecer e aquilo que sentimos merecer!

Não adianta afirmar que merece ter dinheiro, se lá no fundo não é isso que sente. Irá falhar o objectivo. Trabalhe a confiança na sua capacidade para ganhar dinheiro. Talvez tenha crescido numa família onde o dinheiro foi sempre visto como algo difícil de conseguir, algo que só chega às mãos de alguns ou que os ricos são fúteis.

Anule a visão do dinheiro como algo ao qual é difícil chegar.

Finalmente, note que para sermos felizes no capítulo financeiro não basta termos mais dinheiro. Há quem tenha muito dinheiro e continue a sentir carência financeira vivendo atormentado para não gastar. Têm medo de ficar sem dinheiro.

O dinheiro tem de contribuir para termos uma vida de qualidade. Tem efectivamente de contribuir para a nossa felicidade. Se para termos dinheiro tivermos de nos subjugar a uma profissão que detestamos ou que aguentamos para pagar as contas, continuamos a viver na ideia de carência.

Você merece ter o dinheiro que necessita para viver desafogadamente, por direito próprio. Mas tem de se sentir merecedora disso. Caso contrário afastará de si o dinheiro, mesmo que o ganhe.

Estou feliz com a Família que tenho?

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É feliz com a sua família? Sente-se acolhida e bem aceite no seu seio familiar? Este artigo vem na sequência de um conjunto de questões de auto-diagnóstico que fazem parte do artigo Sou Feliz? que saiu na edição de Fevereiro da revista Prevenir, e que pode ler também aqui no blog.



 Auto-Diagnóstico: Sou Feliz com a minha Família?


Na minha Família:

a) Sinto-me muito incompreendida e até abandonada, pela minha família.
Acho que nunca perceberam os meus desejos e o que me faz feliz.

b) A minha família é como todas: há momentos bons e momentos maus.
Sempre ignorei os maus momentos. Assim evito sofrer.

c) Empenho-me para que na minha família exista compreensão e abertura.
Há espaço para expressar sentimentos. Tenho especial atenção para que a culpa e a crítica não sejam usadas. Ao invés, motivo a expressão de carinho e amor entre todos.

A trabalhar: 
Não critique a sua família nem apoie ou promova ressentimentos. A nossa família é um sistema de diferentes pessoas, cada uma com a sua história individual.

Geralmente, vemos a família como solução para as nossas feridas e um apoio para as nossas contingências, falhas e medos. Esquecemo-nos, amiúde, que “eles” procuram o mesmo. Como nós, também querem ser entendidos, amados e que não os abandonem. Esta é a sabedoria emocional que deve usar para melhorar os seus relacionamentos familiares e sentir-se mais feliz.

A verdade é que todos sentem estar a fazer seu o melhor.

Trabalhe o amor e a aceitação, essenciais para a sobrevivência do “clã”, mesmo nas situações mais difíceis. Conceda a si mesma a oportunidade de abrir o seu coração e permita que os membros da sua família façam o mesmo.

Anule a crítica, a culpabilização e o ressentimento. 
Tente compreender o caminho que os membros da sua família escolheram. Esta atitude é a base da mudança que deseja ver. Talvez esteja nas suas mãos iniciá-la!

Auto-Diagnóstico: Como estou de Saúde?

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"Serei Feliz?" -  Pergunta bem. Para alcançar a Felicidade, tem de acreditar na possibilidade de a encontrar.  Este artigo faz parte de um conjunto de questões de auto-diagnóstico, na sequência do artigo Sou Feliz? que saiu na edição da revista Prevenir de Fevereiro, e que está disponível também aqui no blog.


 Auto-Diagnóstico: Estou Feliz com a minha Saúde?


A felicidade na minha saúde:

a) O meu nível de energia é baixo.
Sinto-me exausta frequentemente. Acho que é de família. A minha mãe é igual.

b) A minha saúde não é o meu ponto forte e por isso protejo-me
Protejo-me imenso. Tomo vitaminas e faço check-ups anuais. Tento fazer uma alimentação cuidada e não tenho dependências.

c) Tenho uma boa relação com a saúde. Cuido de mim, física, mental e espiritualmente.
Sigo o que o meu corpo me diz que me faz bem. Não sou escrava de dietas, nem de medicação. Isso torna-me mais forte, mais saudável e consequentemente mais feliz.


A trabalhar: 
Se a sua ideia sobre saúde está próxima de afirmações como as de a) e b), poderá caminhar para uma vida com baixos níveis de energia anímica, bem-estar e felicidade.

Aprenda a cuidar de si, na totalidade. Isto significa cuidar do seu corpo, da sua mente e do seu espírito. Significa não insistir em comportamentos que já percebeu serem prejudiciais para si.

Afaste-se igualmente de pessoas que se queixam muito e que têm imensa preocupação com doenças. Vigie as suas emoções. Perceba que curar as suas emoções negativas é curar a sua saúde. Liberte raivas, ressentimentos, passados sofredores, pessoas que lhe fizeram mal. Liberte-se daquilo que lhe dá peso, que lhe recorda maus momentos, más experiências.

Você está agora aqui. Conseguiu, apesar de tudo. 
Como tal, abençoe o que conseguiu. O seu corpo, por ter resistido. O seu cérebro por não a ter abandonado. E coloque alegria e sorriso na sua vida. Mesmo que acorde sem grandes motivos para estar alegre, anime-se e vá para a rua distribuir alegria.

Sinta o que recebe. Isso é saúde. Isso dá verdadeira felicidade.

Auto-Diagnóstico: Sou Feliz... no trabalho?

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Como vê a Felicidade? Considera-se uma pessoa feliz? Sob que parâmetros avaliar, precisa de ajuda?
Em Fevereiro, saiu na revista Prevenir o artigo Serei Feliz? que já publiquei num post aqui no blog, na sequência do qual, surgem algumas questões de auto-diagnóstico. Esta é a terceira:

 Auto-Diagnóstico: Eu sou Feliz no meu trabalho?
(Profissão)


Sou feliz na minha profissão?

a) Odeio o meu trabalho.
Detesto o que faço e não me sinto feliz com o meu trabalho. Mas preciso do salário, por isso obrigo-me.

b) Mais ou menos.
Não digo que seja infeliz com o que faço, mas não sou propriamente uma pessoa realizada profissionalmente. Mas é o que tenho...

c) Sempre vi a minha profissão como uma das bases da minha realização pessoal.
Quando não me sinto plena com o que faço, crio objectivos pessoais para não me desmotivar. Nem que seja ajudar colegas em tarefas complicadas. Isso faz-me sentir útil e dá sentido ao meu dia.


A trabalhar: 
Estamos sempre à procura do melhor emprego. Com isso, pensamos em ter uma casa melhor, um carro melhor e uma melhor condição social. A questão é que esta azáfama em busca do next-step, faz-nos escravas da nossa própria procura.

Seremos felizes nesta azáfama? Ou será que aumenta a nossa insegurança e o nosso medo de não sermos suficientes?

Se assim for, tenha coragem pare cortar esta corrente. Não tenha medo do que ainda não tentou. Não podemos ser felizes amarradas a esqueletos que nos impedem de seguir em frente.

Avalie o significado pessoal do seu trabalho. Trata-se de uma obrigação que tem de cumprir? Ou algo que lhe dá prazer e bem-estar? Avalie se o seu trabalho a realiza, se contribui para dar significado à sua vida. Se a resposta for negativa crie um PPMP - Plano Pessoal de Mudança Profissional©.

Finalmente, mas não menos importante para a sua felicidade profissional: mesmo que o seu trabalho não seja o que deseja sinta-se grata. Pare queixas e negativismo. Caso contrário vai sentir-se angustiada, triste e sem forças para mudar.

Pense no seu actual trabalho como rampa de lançamento para outro que a realize. Mas lembre-se: a mudança só acontece se agir nesse sentido!

Nervos à flor da pele

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Ana tem 42 anos, é casada há 12 anos, tem uma filha com 8 anos de idade e trabalha numa loja de roupa. Quando veio à consulta disse-me: “decidi vir a esta consulta mas nem sei bem se preciso porque na minha infância não tive nenhum problema e até penso que tenho uma vida boa. Mas sou muito nervosa. Falaram-me destas consultas e decidi experimentar.”

Passadas algumas sessões, compreendemos que as preocupações da Ana se centravam no seu mal estar e na relação com o seu marido (João).

Ana diz que se enerva com facilidade com o marido: “implico muito com ele por coisas sem importância, grito muito e às vezes descontrolo-me ao ponto de partir loiça! Depois sinto-me muito mal comigo mesma. O João é muito bom para mim, toda a gente o aprecia e até me dizem que tenho sorte de o ter como marido. Sempre fui muito nervosa, mas gostaria de ser mais calma.”

Com o objectivo de compreendermos se o comportamento de Ana com o seu marido tinha sido sempre assim ou se tinha começado a partir de um determinado momento, Ana recorda: “quando vivíamos na casa da minha mãe, a relação com o João era diferente. Saíamos e convivíamos mais. Depois a Maria nasceu e começámos a construir a nossa casa.”

Posteriormente, Ana partilhou o facto de não ter relações íntimas regularmente com o marido. Isto, por um lado preocupa-a porque teme a traição, ainda que confie na fidelidade do marido; por outro lado frustra-a porque gostaria de voltar a ter satisfação na sua vida conjugal. Assim, e não se tratando de um problema de saúde, procurámos perceber esta mudança de comportamento conjugal e em simultâneo encontrar formas de o ultrapassar.

Às vezes, as pessoas encontram-se em situações de sofrimento, mas porque não encontram um acontecimento de vida que o justifique, não se permitem procurar ajuda.

Se pretende seguir a história da Ana não perca a próxima crónica!

Carina Silva
Psicóloga Clínica