junho 2015 | Teresa sem medo

Dicas: Como Praticar o Desapego?

Comente este artigo

“Desapegar” é desconfortável pois obriga a contactar com aquilo que nos dói. desapego é uma atitude e resulta da nossa capacidade para ultrapassar o medo da insegurança e da carência.

Veja abaixo algumas dicas para o ajudar a Praticar o Desapego.

Como Praticar o Desapego?


  1. Valorizar menos as expectativas que os outros têm sobre si e os objectivos que lhe colocam. As contas finais da sua vida são dadas por si, a si mesma! 

  2. Treinar o merecimento libertando a ideia de que aquilo que merece depende do valor que os outros lhe atribuem. 

  3. Ser menos perfeccionista deixando ir a ideia de que nunca é suficiente. 

  4. Identificar os pesos que a sua vida tem e se ainda precisa deles para ser feliz. Perceba se aquilo que carrega como importante para a sua sobrevivência não é algo pelo qual está a pagar um preço elevadíssimo. 

  5. Permita-se ser quem é e como é e liberte a necessidade de controlar o que os outros são.

  6. Comece por se desapegar de coisas simples: diminuir o número de cafés por dia; a quantidade de vezes que troca de mala ou de sapatos; os pequenos-almoços fora; o último gadget; levar o carro até à porta do emprego. Aos poucos vai começar a sentir-se melhor pois está usar a força do fazer para se desapegar de coisas que afinal até pode prescindir. 


COMO DESAPEGAR-SE...

…de bens materiais?
Praticar o desapego de bens materiais exige coragem para nos assumirmos pelo que somos e não pelo que temos. Um bom exercício é reduzir as nossas necessidades e perceber que, mesmo vivendo com menos, sobrevivemos. Este exercício permite-nos resgatar a fé na nossa capacidade criativa e no nosso potencial de mudança. Muitas vezes vivemos situações de dependência material às quais nos apegamos porque deixamos de acreditar na nossa capacidade de mudar, de fazer algo diferente, de seguir sem o apoio das pessoas habituais. Todas estas são estratégias que a nossa mente percepciona como confortáveis pois não nos obrigam a ir para o desconhecido. Ter menos bens materiais não nos deve preocupar. O que deve preocupar-nos é perdermos a vontade própria, a resiliência e a capacidade de acreditar no nosso potencial e na nossa força criativa.

…de sentimentos negativos?
Os nossos sentimentos resultam daquilo que pensamos. Como tal, para agir sobre a forma como se sente tem de agir primeiro sobre a forma como pensa, sobre aquilo que pensa. Praticar o desapego relativo a sentimentos negativos significa estar consciente de que a única coisa que podemos efectivamente controlar é a escolha do que sentimos face ao que nos acontece. Esta é a base da sabedoria emocional. Tudo o resto é apego a velhas fórmulas que já testámos e que já não nos servem para nada. Seja honesta com aquilo que sente. Este processo é complexo, mas pode simplificá-lo assumindo, de uma vez por todas, o respeito pela sua verdade interior. Seja honesta e assuma o que é melhor para si. Isso fará com que os sentimentos negativos fiquem cada vez mais longe.

…de pessoas?
A maioria das situações que nos prendem são de natureza relacional: “não consigo viver sem esta pessoa”, “não consigo seguir em frente sozinha”. Um dos melhores exercícios que pode fazer para se desligar de pessoas que já não contribuem para o seu bem-estar é fazer o exercício do “regresso à origem”. Isto é: antes de existir a pessoa da qual tem de se afastar já era pessoa. Já tinha a sua vida. Bem ou mal, existia, produzia, crescia e avançava. Trabalhe o amor e a aceitação por si mesma. Quanto mais se aceitar e acreditar em si, mais as circunstâncias lhe parecerão simples e as soluções possíveis. Porque as situações ficarão a depender cada vez mais de si e não daquilo que os outros possam ou não fazer. Logo, ficará menos presa ao que a envolve e mais ligada à sua vontade pessoal.

…do passado?
O desapego relativo ao passado (face ao que tivemos e já não temos, face ao que amámos e que será irrepetível, face à culpa e à perda) ultrapassa-se com aceitação. Para tal, anule a crítica e a culpabilização. O que passou está lá. Aceite-se como é agora e as circunstâncias como se apresentam. Só aceitando a situação presente, sem fugir, pode construir algo diferente para o seu futuro. Tenha orgulho em si e na sua história. Apesar de tudo o que possa estar a sentir, foi ela que a fez chegar aqui. Não podemos ser felizes se permanecemos amarrados a esqueletos antigos, que não nos deixam seguir em frente. Não tenha receio de percorrer caminhos novos. Buscar o que ainda não alcançou traz-lhe uma sensação de liberdade incrível! E, dessa liberdade pessoal também nasce a felicidade. A culpa é algo que tem de aprender a deixar para trás, se quer ser feliz. A culpa não serve para nada! Apenas para nos sobrecarregar de angústia, de vazio e de tristeza. Aquilo que fez, e que está a gerar essa culpa, fê-lo o melhor que sabia, nas condições e com os conhecimentos que tinha na altura.

…do futuro?
O desapego face ao futuro significa tranquilizarmo-nos pelo que pode ou não vir a acontecer. Porque o apego ao futuro representa o nosso desejo de controlo: o desejo de controlar aquilo que não podemos mas desejamos. Para nos desapegarmos dos “E se?” que nos prendem, temos de ter vontade de entrar no desconhecido, o campo de todas as possibilidades. Trabalhe para criar o futuro que deseja. Essa é a principal forma de o alcançar. Neste trabalho, desprenda-se do resultado e foque-se no caminho que está a fazer para o alcançar. Isso diminui-lhe a ansiedade pela concretização permitindo-lhe observar alternativas mais simples para alcançar o que deseja. O foco no resultado está sempre ligado ao medo e à insegurança. E estes são as nossas grandes prisões. Seja qual for a sua origem familiar, as suas condições de partida, os seus traumas e inseguranças, pode sempre trabalhar para criar o futuro que deseja. Lembre-se que mais importante do que aquilo que fizeram de nós e aquilo que nos deram, é aquilo que conseguimos fazer com o que temos agora.


Estas Dicas fazem parte de um artigo originalmente escrito por mim para a revista Prevenir e publicado na edição de Maio 2015. Estas são as Dicas sobre a primeira parte do artigo, que pode ler aqui no blog.


Teresa Marta

Que seca!

Comente este artigo
Têm cerca de 13, 14 anos e, à exceção de um ou outro, não fazem a mínima ideia do que querem da vida, do que gostam, do que são capazes, do que os estimula ou entusiasma porque, na maior parte das vezes, a resposta a esta pergunta é vazia - é nada.

Não há nada que queiram realmente. Nada que sonhem à séria, nada que ambicionem a não ser comer um pacote de batatas fritas, ou um pão com chouriço, beber coca-cola e dormir. Dormir,  sempre que faz calor de mais. Dormir sempre que se sentem aborrecidos, e sentem-se aborrecidos quase sempre porque a vida, à exceção de alguns minutos em que trocam alarvidades proibidas, é aborrecida.

É uma seca.

Por outro lado, há muitas coisas que gostavam de ser, de ter, de fazer. Gostavam... mas não o suficiente para despenderem um quarto do esforço, da energia, que a realização de cada uma exigiria. São, por isso, desistentes. Daqueles desistentes que nem sequer chegam a dar início à corrida.

Parece que já nasceram cansados, desanimados, indiferentes.


O que é que está mal com estas crianças? O que é que sempre esteve, mais ou menos mal com todos nós? Porque é que somos um povo com comportamentos de derrota, de desistência, de adormecimento?

Porque não estamos, e creio que nunca estivemos, habituados a participar.  Estamos habituados a que tomem conta de nós, que decidam por nós, que mandem em nós. Protestamos, tal como as crianças protestam, porque o protesto é uma forma de apaziguar a nossa consciência. Uma forma que dá muito menos trabalho do que a participação e requer responsabilidade zero, enquanto a participação exige a responsabilidade total, e isso assusta.

Não fomos instruídos sobre as maravilhas que se escondem na vida quando ela é realmente dirigida por nós e a usamos para realizar os sonhos que verdadeiramente sonhamos porque acreditamos na sua possibilidade.


Se uma grande parte dos pré-adolescentes não sonha, é porque não acredita na realização dos sonhos. Porque sabe, de um saber feito da experiência que os seus sentidos vivem, que os sonhos são como o pai natal - uma invenção que não merece credibilidade alguma.


Cerca de 1930 já Piaget dava relevo ao método self-government. Dizia ele que este método deveria ser introduzido na Escola a partir dos 11-12 anos, dado ser uma idade em que o desenvolvimento moral já o permitia.

O self-government tinha em vista comprometer os alunos nas decisões tomadas na Escola, através da sua presença em reuniões e mesmo, em certos casos, do seu voto. Desta forma, caberia ao alunos elegerem os seus representantes para integrarem o governo da Escola, comprometendo-se a aceitar as regras por todos estipuladas.


Não é, na minha modesta opinião, tanto a prática que precisa de ser relevada, mas o princípio. O princípio do respeito, da atenção, do contar com, que não existe e, por não existir, deixa as crianças crescerem afastadas de tudo o que acontece, aproveitando, para si mesmas, o que lhes é prazeroso e conveniente como se elas, as crianças, existissem apenas para desfrutar e suportar as vontades dos adultos.

O método de Piaget não pode ser implementado apenas no governo da Escola. Já existem muitas escolas com alunos a participar do Conselho Diretivo e já se percebeu que isso, a beneficiar alguém, serão apenas esses alunos - os que participam diretamente -, porque os outros vivem à margem dessa prática.

"Este método deve igualmente ser implementado dentro das turmas onde regras disciplinares ou outras devem ser respeitadas por todos depois de discutidas e livremente aprovadas. Na opinião do autor [Piaget], esta é a melhor forma de desenvolver a formação de um espírito cívico, bem como um verdadeiro sentido de justiça, não havendo, tal como para a Educação Internacional, a necessidade de criar uma área disciplinar para abordar esta temática, mas antes fomentando a sua prática no quotidiano da actividade escolar (Piaget, 1930c; 1932a; 1934-35; 1934b)." *
* - Veiga Simão, Ana Margarida et alii, Psicologia da Educação - Temas de Desenvolvimento, Aprendizagem e Ensino, 
Organização de Guilhermina Lobato Miranda e Sara Bahia, 2005, Lisboa, Relógia d'Água Editores.

Como até aos dias de hoje ainda ninguém fez grande coisa e os meninos e meninas de 13, 14 anos continuam a adormecer sem grandes sonhos, o projeto educativo Mostra o Teu Herói® vai fazer - vai despertar, em todos os meninos e meninas que vierem ao seu encontro, a capacidade de sonhar e a autoconfiança necessária à realização, por todos e por cada um, dos sonhos sonhados.



Alda Couto,
Técnica Superior de Educação


Praticar o Desapego

Comente este artigo

O desapego é uma atitude e resulta da nossa capacidade para ultrapassar o medo da insegurança e da carência. Carência financeira, mas também carência relativa a objectos e bens materiais, pessoas, relacionamentos, empregos, crenças e até a imagem que construímos sobre nós (carência de estima pessoal). Estamos a praticar o desapego quando conseguimos fluir pela vida, independentemente desta nos estar a oferecer aquilo que desejamos ou a levar-nos para o desconforto da insegurança.


“Desapegar” é desconfortável pois obriga a contactar com aquilo que nos dói.

Faz com que o nosso Self “contacte” com o nascimento: o momento de desprendimento mais difícil pelo qual passámos. Embora não tenhamos consciência disso, o nascimento é o nosso momento originário de desapego. Um desapego imposto, que nos obriga a deixar o conforto uterino em segundos. A deixar ir o cordão umbilical que nos acompanhou desde a primeira célula e a abandonar a nossa respiração (sobrevivência) uterina para a substituir, em instantes, por uma nova forma de respirar.

Praticar o desapego significa ter a coragem para deixar ir. Deixar partir. Ter coragem para nos rendermos. Significa perceber que persistir “amarrado” traz-nos mais dor emocional, mais peso no dia-a-dia, mais stress, menos auto-estima, menos saúde e menos alegria. Desapegar significa deixar ir o perfeccionismo, o medo de falhar e preocupações de tipo “e se?” ou “como vou conseguir?”. E também ter a capacidade de nos desligarmos das expectativas e dos objectivos que perspectivaram para nós.

Desapegar é, no entanto, muito difícil.
Desde logo, porque temos consciência de que podemos estar a sair para o nada, a deixar algo para entrar no vazio. Este processo gera a sensação interna de que podemos fracassar. E com essa sensação, o medo. E com ele a vontade de ficarmos imóveis. De ficarmos presas à nossa zona de conforto.

Vantagens de praticar o desapego 

Praticar o desapego não significa ser irresponsável. Ao contrário significa ter a capacidade para perceber o que já não nos faz felizes, o que já não contribui para o nosso crescimento e agir em conformidade com esses inputs.

São várias as vantagens de praticar o desapego. Eis algumas:

  • Ter uma vida mais leve, menos exigente
  • Aumentar a liberdade pessoal
  • Viver em função do nosso propósito de vida 
  • Ter mais tempo para nós e para a família
  • Viver com menos stress 
  • Fazer, cada vez mais, o que gostamos
  • Dormir melhor
  • Ser mais alegre 
  • Afastar pessoas tóxicas 
  • Dizer o que pensamos sem medo
  • Diminuir a culpa 
  • Retirar o peso do perfeccionismo 
  • Viver feliz com menos bens materiais
  • Aumentar a auto-estima e a percepção do valor pessoal
  • Aumentar a auto-aceitação e o auto respeito
  • Viver cada vez menos em função do que parece bem aos outros
  • Sair da prisão das circunstâncias do passado

Como praticar o desapego?

O desapego é uma capacidade emocional que se aprende. Para nos desapegarmos temos de estar conscientes de que aquilo que nos prende está fora de nós (pessoas, objectos, condições de vida, relacionamentos…).

Treine o desapego: Veja o artigo das Dicas para Praticar o Desapego aqui:
http://teresasemmedo.blogspot.com/2015/06/dicas-praticar-o-desapego.html

 A que devemos, então, apegar-nos? 


  • Pessoas positivas e construtivas
  • Família e amigos
  • Pensamentos positivos
  • Pequenas conquistas do dia a dia
  • À capacidade de relativizar e de ver para além do problema presente
  • À capacidade de acreditar na vida
  • À nossa força infinita para mudar e de recomeçar
  • Ao agora, ao Presente
  • Ao reforço do nosso sentimento de merecimento
  • A um local de conforto onde nos sintamos seguros
  • À nossa capacidade inata e infinita de mudança
  • A todos os obstáculos que já conseguimos ultrapassar
  • A tudo o que já temos e que nos esquecemos de agradecer
  • À nossa verdade interior


Este artigo foi originalmente escrito por mim para a revista Prevenir e foi publicado na edição de Maio 2015.


Teresa Marta