Emoções e Matemática
12 de fevereiro de 2015
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08:30
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Há dias tive uma reunião na escola do meu filho e confesso que fiquei chocada. Custou-me ouvir aquela preocupação extrema dos pais relativamente às avaliações e às médias. Fiquei, até hoje, sem conseguir esquecer uma das questões colocadas: "Mas afinal, porque é que um suficiente e um bom não dá 4? Porque é que o Professor só deu 3?"
Esta, e outras perguntas idênticas, levam-me a questionar, o que estamos a pedir aos nossos filhos. Porque estamos tão focados nas médias, em medir tudo, como se cada criança fosse um número, uma catalogação? Como se não fosse um ser singular e único? Como se numa nota estivesse um destino?
Porque estamos tão preocupados com as notas e menos preocupados em pedir aos nossos filhos valores como a autenticidade e a humildade? Valores como o respeito pelo outro, a companhia, a amizade, a alegria, o sentido de humor?
Talvez não estejamos a conseguir ensinar-lhes a reagir de forma aberta, criativa e positiva aos acontecimentos inesperados e naturais que surgem ao longo da vida. Talvez não estejamos a conseguir motivá-los a expressar as suas opiniões, convicções e sentimentos, sem complexos, sem medo de serem avaliados e de serem medidos. Estaremos a trabalhar para que os nossos filhos acreditem incondicionalmente em si próprios?
Talvez fosse importante aprendermos a ser mais flexíveis com os objectivos que colocamos aos nossos filhos. A sentir cada acontecimento do percurso escolar, mesmo os maus, como uma oportunidade de melhorar. De perceber e entender que cada pessoa tem um percurso próprio, que os nossos filhos não são, nem nunca poderão ser, uma fotocópia de nós mesmos (nem dos nossos sucessos, nem dos nossos insucessos).
Não importa tanto a grandeza dos projectos, o valor das classificações, o quadro dos três melhores da escola. Importa muito mais fomentar a confiança em si próprio, a vontade de continuar, mesmo quando as coisas correm mal, de ter esperança no futuro, de aguentar firme mostrando que aconteça o que acontecer, há soluções.
E há que dar atenção ao amor incondicional. Não apenas o que sentimos pelos nossos filhos, mas o que motivamos os nossos filhos a sentirem por si próprios. Ensinando-os e motivando-os não a lutar para serem os melhores, mas a lutar contra todos os que limitem a sua coragem, a sua criatividade e a sua capacidade de sorrir. Contra todos os que ataquem a sua auto-estima. Por certo, desta forma, acabarão por ser os melhores! Em alguma coisa. Talvez naquilo que de facto os realiza e faz felizes como seres humanos.
Temos o dever de ajudar os nossos filhos a escolherem o seu próprio caminho, ao invés de os condicionar ao caminho que desejámos para nós. Temos o dever de nos preocuparmos menos em transformá-los em entidades produtivas. E de nos preocuparmos mais em que sejam pessoas felizes e equilibradas.
Teresa Marta
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