Imersos numa espécie de Economia da Brevidade, brevidade que conferimos ao que fazemos, ao que desejamos, ao que sentimos e ao que queremos que aconteça. Neste nosso desejo de que tudo corra rapidamente, acabamos, muitas vezes, por condicionar os resultados das nossas acções. E, com isso, condicionamos também a nossa existência. É a dieta que começámos e cujo efeito “nunca mais se nota”, os nossos filhos “que demoram a obter os resultados escolares desejados”, a alma gémea “que nunca mais aparece”, o reconhecimento profissional “que teima em ocorrer”.
Centrados no tempo breve vivemos dominados pela azáfama da rotina diária. De tão absorvidos que estamos deixamos de conseguir ver o que está para além do que aparece e perdemos com alguma facilidade o sentido da nossa vida. Raramente conseguimos parar para reflectir em coisas tão básicas, como, “Afinal, onde é que isto me leva?”, “Para onde estou a ir?”, “É assim que quero viver?”.
Dar Sentido à nossa vida é incompatível com a brevidade com que tentamos obter resultados. Sempre que estamos com pressa, há coisas que ficam por fazer e outras que nunca terminamos. Nasce assim a sensação de que o tempo é sempre insuficiente, que não dá para nada. Nasce a sensação de que nós próprios, como o Tempo, não somos suficientes.
Recordando Freud (1920), temos dificuldade em substituir o “princípio do prazer” pelo “princípio da realidade”. Ou seja, temos uma enorme tendência para usufruir, sem delongas, o que nos proporciona satisfação imediata esquecendo que isso pode não ser o que mais nos irá nutrir e satisfazer no futuro. O tempo breve é pois muito atraente: evita a entrada em nós. No nosso Eu mais profundo, onde por vezes sentimos dor e desespero.
Teresa Marta
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