“O teu valor deixa muito a desejar!”, “Nunca pensei que deitasses por terra o teu valor pessoal!”, “Como é possível não reconheceres o meu valor?”. Estas palavras soam-lhe familiares? O Marketing, por exemplo, define o valor de um produto de forma muito simples: basicamente, o valor é aquilo que o consumidor diz que é. Neste sentido, o valor não é mensurável. Resulta da apreciação subjectiva de cada consumidor.
E o que se passa com a avaliação do valor das pessoas? Basicamente, o mesmo! O nosso valor resulta da avaliação (subjectiva) que os outros fazem de nós. Em geral, passamos a vida a tentar corresponder ao valor que os outros acham que temos. No entanto, lutar dia-a-dia para corresponder às expectativas dos outros desgasta-nos, cansa-nos, gera angústia existencial. Perdemos a noção de quem somos realmente: se nós, se a imagem reflectida de nós.
Resultado da percepção do outro, lutamos em permanência para sermos alguém de quem os outros gostem, que os outros apreciem, que os outros reconheçam, que valorizem, acabando por esquecer quem de facto somos, qual o nosso valor efectivo.
A angústia gerada por tentarmos corresponder ao que esperam de nós é ainda agudizada pelos objectivos que colocamos a nós próprios. Estamos sempre a esticar a fasquia! Queremos forçar as coisas a acontecerem, desejamos controlar tudo: nós, os outros, os acontecimentos, o tempo, a evolução natural do nosso corpo, a idade. E acabamos por nos concentrar muitas vezes naquilo que não temos, no que nos falta, no que não somos, no que não chega ou não é suficiente.
Num mundo que esgota a nossa identidade ao avaliar-nos pelo que fazemos, pela nossa beleza, a nossa riqueza ou a nossa pobreza, o nosso poder ou a nossa juventude, angustiamo-nos ao vivermos em função daquilo que julgamos dever ser. Dizemos a nós próprios, “se eu fosse mais alto, mais jovem, mais magro, mais rico, mais comunicativo, mais feliz…”, estaria tudo bem.
Mas não estaria. Porque o valor, tal como a beleza, o amor e a felicidade, começa em nós, não é algo que temos porque os outros no-lo dão. Numa perspectiva existencialista, o valor do Self está intimamente ligado à sua Singularidade. Àquilo que em nós é único, ao que nos torna efectivamente pessoas com necessidades, desejos, angústias e limitações próprias. O valor está pois intimamente ligado à nossa humanidade. Cada vez mais esquecida.
Para aumentar a sua noção auto-valor, e passar a viver uma vida mais saudável, é imprescindível que aceite as suas imperfeições. Aceite-se como é: lembre-se que está a fazer o melhor que pode, com as condições e o conhecimento que tem neste momento. Quando conseguimos sentir-nos confortáveis com que somos, ao invés de estarmos em permanência a tentar ser quem achamos que devíamos, passamos a sentir-nos muito mais seguros, e aumentamos a nossa sensação de bem-estar.
Não tem de provar nada! Porque o faz? Incomoda-o o julgamento dos outros? Não estará a sabotar o seu valor quando assume como verdadeiras as percepções que fazem de si? Sinta orgulho pelo que é! Pelo que já conseguiu! Por isso, siga em frente!
Abençoe aquilo que já tem. Todos os valores que o seu pote pessoal de valor já possui. Pode ser pouco, pode ainda não ser aquilo que deseja. Mas já o tem. É seu. Comece a reconhecer o que vale. Saiba que vale! Sinta que vale! Este é o seu dia. É o dia de expressar o seu valor! É o dia de procurar e de libertar a sua singularidade.
Teresa Marta
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