Medo de não conseguir. Medo de estar só. Medo de estar acompanhado. Medo de que não gostem de nós. Medo de enfrentarmos problemas que julgamos impossíveis de resolver. Uma doença incurável. Uma imobilidade que nos paralise para sempre. Medo de perder o emprego. Medo de não conseguir outro. Medo de seguir os nossos sonhos. Medo de perder pessoas que amamos. Medo de deixar tudo para trás.
Medo de nos permitirmos ficar quietos.
Simplesmente quietos.
Tenho 44 anos e já senti todos estes medos. Por vezes, confesso, ainda sou atacada por alguns. À medida que o tempo foi decorrendo, no entanto, os meus medos tornaram-se menos materiais, menos físicos e menos palpáveis. De facto, passei a ter medo da minha finitude. De me confrontar com a morte. Não a física, mas aquela de estar vivo estando morto. Medo de morrer como Self pensante e actuante. De sentir que, de um momento para o outro, posso acabar como indivíduo, que tem uma vontade e cumpre um propósito.
Após 15 difíceis anos de procura pessoal, aprendi que nós somos os únicos a ter o poder de criar e de alterar a nossa vida. De criar e (des)criar o que nos acontece. Logo, somos os únicos a criar os nossos medos. A deixar que eles nos dominem. Os únicos a deixar que os nossos pensamentos nos levem para o abismo emocional, ou, ao contrário, nos possam conduzir à esperança. Como disse Jean-Paul Sartre (1942), tudo o que somos é resultado de escolhas existenciais pelas quais somos os únicos responsáveis: “Ninguém fez de mim nada. Eu é que fiz, faço e farei de mim, tudo. Aquilo que eu sou é pois aquilo que eu me faço”.
Esta ideia existencialista é muito curiosa pois alerta-nos para o facto de que o medo que sentimos é um medo projectado. Um medo antecipado. Um medo que nos leva a ser prisioneiros, não do tempo vivido, do aqui e agora, mas do Futuro. Prisioneiros do Futuro. Da antecipação do que aí virá.
Este futuro como prisão acontece até nas coisas mais simples: se não começar a controlar o colesterol posso ter um AVC, se não deixar de fumar é possível que apanhe cancro, se não fizer dieta não conseguirei pertencer ao Clube… se não encontro a “alma gémea” vou morrer só. Afinal, que futuro é este, que ainda sem chegar já nos aprisiona?
Posto isto, onde está você neste momento? Onde se encontra no seu percurso de vida? Na liderança do caminho aceitando os medos que lhe aparecem, como oportunidades únicas de os enfrentar e de os ultrapassar, ou a deixar que os receios o levem efectivamente para onde não deseja?
É pois possível escolher hoje entre duas atitudes bem diferentes: a alegria ou o medo. A escolha é apenas sua. A partir do momento em que conseguir mudar o seu pensamento do receio infundado para o sentimento de que tudo o que está a acontecer será para o seu maior bem (ainda que possa assim não parecer), dia após dia, os medos vão-se dissipando.
Para tomar esta nova direcção comece por fazer uma lista dos seus medos. “Eu tenho medo de …”; “Eu tenho medo que…”. Após ter elaborado essa lista leia-a e guarde-a. Dentro de um mês recupere a sua lista de medos e leia-a em voz alta. Para si. Verifique então quais os receios que efectivamente se concretizaram. Verá que se vai surpreender! É bem verdade que a vida nunca é tão negra como a vemos. Para os medos que ainda se mantiverem, reescreva-os começando agora cada frase com: “Eu consigo ultrapassar o medo de (…), se fizer (…). E vou fazê-lo (hoje, amanhã, até fim desta semana). Estabeleça timings de concretização para o que definiu. E comprometa-se! E faça!
Hoje, aconteça o que acontecer, sei que sou capaz de isolar os meus medos como pensamentos que não merecem fazer parte das coisas boas da minha vida. Acredito que também o consegue fazer. Quer tentar?
Teresa Marta
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