Não gosto da minha irmã | Teresa sem medo

Não gosto da minha irmã

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Joana tem 42 anos, é casada há 15 e tem duas filhas: Patrícia, com 12 anos, e Luísa, com 8 anos de idade.

Pergunta: 
A minha filha mais velha pensa que eu gosto mais da irmã do que dela. Esta semana escreveu-me esta mensagem: “desde que a minha irmã nasceu, a minha vida é uma porcaria!”. Diz-me várias vezes que eu acho graça a todas as brincadeiras da irmã e que ela é mais bonita do que ela.

Resposta:
Compreendo perfeitamente que se sinta angustiada e imagino o quanto deverá ser duro para si ouvir a sua filha dizer-lhe que gosta menos dela do que da irmã.

O nascimento de um irmão é sempre uma fase sensível para os filhos mais velhos. É comum que os irmãos fiquem ligeiramente perturbados podendo pensar que os pais vão gostar mais do bebé do que deles, que o bebé vai roubar toda a atenção, que os pais querem outro bebé por eles terem feito alguma coisa de mal.

Posteriormente, a rivalidade entre os irmãos pela atenção dos pais faz parte do natural desenvolvimento das crianças.

A Patrícia manifesta não só um comportamento de rivalidade fraterna, importante para o seu desenvolvimento, como verbaliza a necessidade que sente na confirmação do amor da mãe. As palavras da mensagem remetem para a problemática da aceitação do nascimento de um irmão. Ora, não se trata aqui de uma questão de amor por parte dos pais, mas sim de uma necessidade de comunicação.

Concretamente, a Patrícia precisa urgentemente de ser ajudada pelos pais a (re)encontrar o seu lugar na família e reforçar os sentimentos de segurança e de amor no seio da mesma. Só assim conseguirá desenvolver uma relação saudável com a irmã.

Se a Patrícia não for ajudada vai crescer com o sentimento de ser “menos amada”, “menos bonita”, “menos competente”…, o que contribui fortemente para a construção de uma baixa auto-imagem de Si.

Consequentemente, o que hoje representa “ser menos do que a irmã” poderá transformar-se em “ser menos do que os outros” e por isso ter implicações importantes na sua vida e na criação de relações sociais saudáveis.

Carina Silva,
Psicóloga Clínica



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