Tenho 41 anos, sou casada há 13 anos, tenho dois filhos (12 e 9 anos de idade).
Com a minha filha Ana, nunca tive problemas. No entanto, o comportamento que o meu filho Miguel tem na escola veio mostrar que eu e o meu marido não nos entendemos nesta questão. Temos pontos de vista opostos. O nosso filho traz recados de mau comportamento e eu digo-lhe que ele não pode bater nos colegas. O meu marido diz que ele tem de bater, que tem de se defender.
Vejo que os meus filhos não andam bem. Estão oprimidos e confusos porque o pai diz uma coisa e mãe diz outra.
Acha que terei de separar-me do meu marido?
Maria, quando li o seu email, a sua questão levou-me a pensar, por um lado, o quanto se deveria estar a sentir só e desamparada com as dificuldades resultantes do comportamento do seu filho. E, por outro lado, o grande desejo que sentia para resolver este problema em conjunto com o seu marido.
O comportamento do Miguel é uma preocupação de ambos os pais. Parece-me, que a permissão que o seu marido dá ao filho para usar da violência na relação com os colegas, esconde o medo de que o seu filho possa ser vítima de agressão. Ou seja, o pai pensa que se o filho for agressivo está menos exposto à possibilidade de ser agredido. Como tal, entende estar a protege-lo.
Ora, o comportamento desajustado do Miguel revela as suas fragilidades emocionais. Nomeadamente, a dificuldade em lidar com a zanga e com a frustração na gestão de conflitos inerentes à relação com os pares. Esta fragilidade impede-o de agir de forma saudável – assertiva.
Ao contrário, age agressivamente.
O estabelecimento de relações saudáveis de amizade são fundamentais na faixa etária do Miguel. Contribuem para o desenvolvimento harmonioso da personalidade.
O Miguel precisa por isso que os pais o ajudem a desenvolver as suas competências emocionais, nomeadamente a assertividade, ou seja, o ser capaz de expressar os seus desejos e opiniões, com segurança e clareza.
As funções parentais são um desafio importante, mas, frequentemente, contribuem mais para o afastamento, do que para a união entre o casal.
Aconselho-vos a procurarem ajuda para que possam ajudar o vosso filho também.
Carina Silva,
Psicóloga Clínica
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